Eu tentei explicar, esses dias, o que se passava. Eu sempre retruco quando alguém diz que isso não é certo, que isso não é serio, quando alguém reprime, quando quem esta de fora tenta por uma ordem na bagunça desses anos, nessas historias todas. Não dá para explicar teu olhar, na porta do carro, como quem diz, eu não devia, mas eu quero, mas eu não entendo, mas quem de nós entende. É como se a gente tivesse entrado numa dança, e a alguém disse, lá de cima, que ela nunca vai acabar, e cada passo para dentro de um são dois para fora do outro, ate que o negocio muda de lado e estamos sempre à mesma distancia um do outro, mas parece tudo longe e estranho, sempre.
Eu só tenho medo que um dia a gente fique velho demais para tantas brincadeiras, que a gente deixe a hora certa passar, e que acabemos, cada um de nós, em um canto, meio apenas conformados, de nada ter sido como a gente queria e meio esquecidos que a gente não sabe ao certo o que a gente quer. Só tenho medo do tempo que passa e da gente, que já deixou de ser criança faz tempo…